sexta-feira, 23 de maio de 2008

O Sal e a Água





Desta vez a equipa foi feita com amigos e colegas de três salas, a saber:
a sala amarela, a sala 1 e a sala 5.

Recontaram uma história tradicional muito bonita, acerca de um pai e uma filha que, ao declarar que amava tanto o seu pai como a comida quer o sal, não foi por ele compreendida. Este pai era um rei e, claro, a filha uma linda princesa, a mais nova de três filhas.

A princesa teve que sair do palácio do rei seu pai e partir, entregue a si própria, fazendo-se à vida, como se costuma dizer.

Depois de algumas peripécias eis que o rei é convidado para um banquete em que a cozinheira é a menina injustiçada, que lhe serve todos os alimentos sem sal.

Finalmente o pai pôde sentir, através do seu paladar, como é horrível a comida sem sal, e como este é essencial à vida, tal como o amor e a amizade da sua filha mais nova eram fundamentais na sua vida.

E assim, pai e filha reconciliaram-se e tudo acabou em bem.

UMA HISTÓRIA COM SAL DENTRO

Era uma vez um rei que tinha três filhas. Certo dia resolveu perguntar a cada uma delas se gostava dele, e quanto gostava.
Veio a mais velha e disse:
— Eu gosto muito do meu pai, tanto como a luz do Sol!
Veio a filha do meio e disse:
— Eu gosto muito meu do pai, tanto como gosto de mim própria.
Veio a filha mais nova e disse:
— Eu gosto muito do meu pai, tanto como a comida quer o sal.
O rei tinha estado muito contente a ouvir as filhas, mas quando ouviu a filha mais nova fez uma grande careta de espanto e de fúria e mandou logo que e expulsassem do palácio! Então não queriam lá ver… uma filha a comparar o amor que tinha ao seu pai com uma mísera pitada de sal??!!
O certo é que a princesa mais nova, ao ver-se expulsa do palácio, muito triste, acabou por chegar a um reino vizinho e bateu ao portão do palácio do rei. Sem se dar a conhecer, pediu para a aceitarem como cozinheira.
Um dia veio à mesa do rei um bolo muito bem feito e muito bem apresentado. O rei, ao parti-lo, viu que dentro do bolo estava um pequeno anel de grande preço. Muitas foram as moças e senhoras que o experimentaram, mas ele não cabia em nenhum dedo! Até que foi chamada a cozinheira e, com espanto geral, viu-se que só a ela o anel servia.
O príncipe, filho deste rei, já há uns tempos que a tinha visto e secretamente se tinha apaixonado por ela, mas a ninguém o tinha confessado. Começou a espreitá-la quando ela estava a cozinhar, e certo dia viu que estava vestida com trajes de princesa. Chamou o rei e este acabou por lhe dar licença para casar com ela. Felizes, os jovens juraram amor eterno.
Conversa para aqui, conversa para ali, a princesa acabou por contar a sua história e dizer o motivo pelo qual tinha saído do seu reino. E ainda acrescentou que gostaria de ser ela própria a cozinhar pela sua mão os manjares do dia da sua boda com o seu amado príncipe.
E assim foi. Entre os inúmeros convidados para esta boda real, lá estava o rei seu pai e as suas duas irmãs mais velhas. Todos comiam com gosto, tecendo os maiores elogios à comida! Só o rei seu pai não comia nada — pois a princesa não tinha colocado nem uma simples pedrinha de sal na sua comida…
O rei, dono do palácio onde decorria esta festa, perguntou-lhe por que razão não comia. Ele respondeu: — É porque a comida não tem sal!
O pai do noivo fingiu-se furioso e mandou vir à sua presença a cozinheira, para lhe perguntar a razão de tal disparate. Quando a menina chegou, vestida de princesa, logo o pai a reconheceu e confessou o seu erro, por não ter percebido quanto era amado pela sua filha que lhe tinha dito que lhe queria tanto como a comida quer o sal, e que afinal ainda o estimava tanto que nunca se queixara da injustiça que o seu pai lhe fizera.

O sal está para a comida,
Se usado prudentemente,
Como o amor está para a vida
E a terra para a semente.

in 100 Histórias de todos os tempos, Mª Alberta Meneres, Edições Asa

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